segunda-feira, 23 de julho de 2012

A noiva de Frankenstein

Você já se pegou completamente entretido e preso em um filme das antigas? Pois é isso o que acontece a cada vez que resolvo dar uma espiadinha em A noiva de Frankenstein. A espiadinha faz com que eu queira ver o filme inteirinho. E, cá entre nós, para um filme de 1935 conseguir algo assim, é porque existe algo muito especial por ali.

Claro que um filme como esse não pode ser cobrado por efeitos especiais mirabolantes, ou montagens com técnicas visuais modernas e computadorizadas. E nem precisa. O que precisa é que o espectador se transporte para a época de seu lançamento, e imagine como um filme como esse pode ter sido assustador para a audiência da época.

Isso deve ter ocorrido com todos os filmes de terror da época, e até anteriores, mas aí é que está a diferença. A noiva de Frankenstein é especial por mais do que alguns simples detalhes. Primeiramente, apesar do excelente uso de sombras e iluminação, o filme é inteiramente suportado na força do seu elenco. E existe um ator em especial, que se especializou nesse estilo de produção, o excepcional Boris Karloff. Difícil pensar em um filme de terror sem Boris.

O roteiro também apresenta uma novidade. Uma história de Frankenstein que o coloca de uma maneira muito mais "humana", e o coloca como um protagonista secundário. A história ainda é sobre ele, e depende totalmente da existência do monstrengo, mas usa elementos de fora, como o surgimento do Dr. Pretorius, que quase rouba o lugar do Dr. Frankenstein como o criador da vida após a morte. E, também, do surgimento da parceira do monstro, a noiva Frankenstein, que dá nome ao título.

No filme, ao contrário do que todos pensavam, Dr. Frankenstein (Colin Clive) e seu monstro (Boris Karloff) não estão mortos. Estão vivos, juntos, mas o cientista resolveu parar suas experiências. Tudo muda quando surge outro cientista, Dr. Pretorius (Ernest Thesiger), que sequestra a esposa (Valerie Hobson) de Dr. Frankenstein e o obriga a ajudá-lo a criar uma nova criatura, uma mulher (Elsa Lanchester) para ser companheira da criatura feita pelo Dr. Frankenstein.

Um clássico, não somente pelo tempo de seu lançamento, mas por ter se tornado uma referência entre os títulos de filmes de terror. Não se trata de um filme assustador, mas que usa com maestria o poder da história, com o mito do monstro, dando margem ao surgimento de um casal. Chega a ser engraçado, e é difícil não se pegar durante o filme torcendo para que o pobre Frankie encontre uma musa para viver ao seu lado. A produção usa e abusa das mudanças de planos de câmera para retratar o sentimento de cada momento. Somado a isso tem-se um espetacular elenco, que consegue agregar muito valor aos personagens. Não é daqueles filmes que assusta por si só, mas que promove o pensamento e a imaginação do seu espectador. Uma excelente pedida para quem curte clássicos, filmes de terror, ou quer simplesmente assistir um filme que garante boas doses de entretenimento.

FICHA TÉCNICA
Diretor: James Whale
Elenco: Boris Karloff, Colin Clive, Valerie Hobson, Ernest Thesiger, Elsa Lanchester, Gavin Gordon, Douglas Walton, Una O'Connor, Lucien Prival.
Produção: Carl Laemmle Jr.
Roteiro: William Hurlbut
Fotografia: John J. Mescall
Trilha Sonora: Franz Waxman
Duração: 75 min.
Ano: 1935
País: EUA
Gênero: Terror
Cor: Preto e branco
Distribuidora: Não definida
Estúdio: Universal Pictures

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