quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Onda de 'remakes' de sucessos dos anos 80 atinge Hollywood

Reconhecida como a década perdida, os anos 80 foram redescobertos por Hollywood e vêm rendendo um manancial de novas (?) produções. "Conan - O bárbaro", "A hora do espanto", "Footloose", "Dirty dancing", "Robocop", "Jogos de guerra"... todos esses clássicos da "Sessão da tarde" ganharam - ou ganharão nos próximos anos - seus remakes, promovendo uma verdadeira "festa ploc" nos grandes estúdios. A princípio, a ideia de recriar tramas que já moram no coração de toda uma geração de espectadores parece uma excelente sacada, mas o tiro pode sair pela culatra.

Lançados lá fora no penúltimo fim de semana de agosto, "Conan - O Bárbaro" e "A Hora do Espanto" até prometiam uma boa luta pela memória afetiva do público, mas entre o longa estrelado por Jason Momoa no lugar de Arnold Schwarzenegger e a refilmagem da comédia de terror pilotada pela Disney, quem acabou levando a melhor foi "Histórias cruzadas", um drama nada pop. Tanto "Conan" como a nova versão de "A casa do espanto" fracassaram nas bilheterias da América do Norte em sua semana de estreia, amargando o quarto e o quinto lugar, respectivamente. Há quem diga que o resultado era óbvio e preveja um futuro nefasto para os próximos lançamentos da safra oitentista, mas o mercado tem suas apostas.

- Para os estúdios, a vantagem de investir nos remakes é que você já começa trabalhando um título de sucesso, ainda mais numa época em que o cinema é muito mais marketing do que valor de produção. Hollywood anda preocupada em criar marcas que possam ser exploradas a longo prazo, seguindo a lógica da franquia - contextualiza Pedro Butcher, editor do site Filme B, especializado no mercado exibidor.

Mas o próprio Butcher faz ressalvas sobre compra dos direitos de refilmar produções famosas de antigamente.

- Só o título famoso já deixa o espectador de cinema - ainda mais deste tipo de filme, que cativou um público jovem, nerd - de orelha em pé. Ao ouvir falar em "Footloose" e "Dirty dancing", os espectadores já sabem do que o filme se trata e os produtores não precisam lançar mão de uma montanha de investimentos para criar uma marca. Só que eles estão lidando com obras que já estão firmadas no imaginário popular e os fãs acabam não aceitando novidades. É um caminho seguro, sim, mas não é garantido como ficou provado com "Conan" e "A hora do espanto".

Cavi Borges, cineasta e dono da badalada locadora Cavídeo, concorda.

- No trabalho eu vejo que a década de 80 marcou muito a geração que hoje tem 30, 40 anos, uma geração que representa um grande mercado consumidor de cultura, tanto na música, onde a modinha dos "80's" começou, como no cinema. Mas é curioso perceber que as pessoas às vezes alugam aqueles filmes que adoravam na juventude e acabam se decepcionando. Isso acontece com frequência e essa é uma preocupação que os estúdios deveriam ter - conta Cavi, que está em fase de finalização de seu longa "A dois passos do paraíso", dirigido em parceria com Walter Daguerre. Inspirado no hit e nas calças de malha da Blitz, o filme é recheado de referências à tal década perdida, mas a brincadeira de época para por aí.

Assim como a de Ridley Scott, que finalmente autorizou um novo "Blade runner", seu sucesso de 1982, mas cheio de ressalvas. À produtora que adquiriu os direitos da saga do detetive Rick Deckard contra os replicantes, Ridley teria pedido apenas que não fosse feita uma refilmagem de seu cultuado longa e sim uma sequência. Ou mesmo um "prequel", contando a história pregressa daquela imortalizada por Harrison Ford, Rutger Hauer e Daryl Hannah. Mexer no time vencedor, nem pensar.

- Hollywood anda puxando pela nostalgia, as pessoas querem relembrar sua juventude e nada melhor que a música ou o cinema para contribuir com isso, mas, de acordo com o cinema americano, dar certo ou não é uma questão de qualidade e não só de saudosismo. Para fazer sucesso um filme precisa ser legal, receber boas críticas, e repercutir no boca a boca - explica Cavi, que consegue enxergar possíveis sucessos em meio a essa questionável onda:

- Tudo depende do diretor que está por trás do projeto e da credibilidade da produção. "Robocop", por exemplo, tem tudo para dar certo. Será a estreia do José Padilha em Hollywood, os "Tropa de elite" foram muito elogiados pela crítica internacional e todos vão ficar curiosos para saber como ele vai se sair em uma superprodução deste porte. Se esse filme der grandes resultados, pode ter certeza de que vão regravar todos os filmes dos anos 80, com críticas ou não.

Em 31/08/2011, pela agência O Globo, no link http://cinema.yahoo.net/noticia/carregar/titulo/onda-de-remakes-de-sucessos-dos-anos-80-atinge-hollywood/id/32535

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