quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

A maldição do Oscar de ator e atriz

Para um ator, ganhar um Oscar nem sempre é sinônimo de sucesso na indústria do cinema. Enquanto para uns pode significar boas propostas de trabalho e um cachê polpudo, para outros a realidade pode ser bem mais cruel.

No caso de Henry Fonda e Geraldine Page, o prêmio significou a despedida das telas e de Hollywood – ambos morreram pouco tempo depois da vitória. Em outros casos, trouxe uma série de escolhas erradas e a consequente bancarrota profissional.

Como não lembrar de Cuba Gooding Jr, que fez um discurso emocionante ao receber o Oscar e nunca mais conseguiu outro papel à altura? Ou de Faye Dunaway, saindo do auge da carreira com "Rede de Intrigas" para a mais completa irrelevância?

Relembre abaixo alguns casos famosos de atores que não conseguiram superar a maldição do Oscar e se reerguer.

Tatum O'Neal – O Oscar

Tinha apenas dez anos em 1974, quando recebeu o Oscar de melhor atriz coadjuvante por seu papel em "Lua de Papel", de Peter Bogdanovich, tornando-se a pessoa mais jovem a ganhar uma estatueta.

Antes

Filha do ator Ryan O'Neal, Tatum nunca havia trabalhado num longa antes de "Lua de Papel", o que tornou ainda mais impressionante sua escolha para o prêmio.

Depois

Tatum nunca conseguiu repetir o feito de "Lua de Papel". Um dos culpados pela fraca carreira teria sido o próprio pai, que, de acordo com ela, a teria abusado física e psicologicamente por causa do uso de drogas. Em sua adolescência, a própria atriz foi viciada em heroína e, em 2008, foi presa comprando crack em Nova York.


Whoopi Goldberg – O Oscar
Recebeu em 1991 a estatueta de melhor atriz coadjuvante pelo papel de uma médium no drama sobrenatural "Ghost - Do Outro Lado da Vida".

Antes

Cinco anos antes da vitória, Whoopi já havia sido indicada ao prêmio por "A Cor Púrpura", de Steven Spielberg, de 1985.

Depois

Após protagonizar as comédias "Mudança de Hábito", em 1992, e "Mudança de Hábito 2", em 1993, participou de uma série de filmes menores em pontas quase imperceptíveis. A volta de Whoopi ao Oscar só ocorreu anos mais tarde, mas como apresentadora do evento.

Faye Dunaway – O Oscar

A estrela ganhou o Oscar de melhor atriz em 1977 por seu papel no filme "Rede de Intrigas", dirigido por Sidney Lumet. A atriz, na época com 36 anos, estava no auge da carreira.

Antes

Dunaway já havia sido indicada por papéis memoráveis nos longas "Bonnie e Clyde - Uma Rajada de Balas", em 1967, e "Chinatown", em 1974. Antes deles, a atriz trabalhou no filme-catástrofe "Inferno na Torre", de 1974, ao lado de Steve McQueen e Paul Newman.

Depois
Cinco anos após ganhar a estatueta, a atriz recebeu o Framboesa de Ouro, paródia do Oscar que premia os piores filmes, atores e atrizes, por sua atuação em "Mamãezinha Querida", de 1981. Depois disso, nunca mais conseguiu um papel decente em Hollywood, tendo atuado em produções como "Don Juan DeMarco", de 1995, e filmes menores para a TV.


Henry Fonda – O Oscar
Recebeu em 1982 o Oscar de melhor ator por seu trabalho no filme "Num Lago Dourado", uma adaptação da peça teatral de Ernest Thompson.

Antes

O artista é patriarca de uma família de atores norte-americanos, que inclui seus filhos Jane e Peter Fonda, e sua neta Bridget Fonda. Além disso, seu currículo contém clássicos como "As Vinhas da Ira", de 1940, "Era Uma Vez no Oeste", de 1968, e "A Batalha de Midway", de 1976.

Depois

Quando recebeu o Oscar, Henry tinha 77 anos e viria a morrer meses depois.


F. Murray Abraham – O Oscar

O norte-americano F. Murray Abraham ganhou o Oscar de melhor ator em 1985 por "Amadeus", em que interpretou o compositor italiano Antonio Salieri.

Antes

Murray Abraham havia feito papeis menores nos cultuados "Todos os Homens do Presidente", de 1976, e "Scarface", de 1983.

Depois

Logo após receber o prêmio, o ator conseguiu o papel do vilão de "O Nome da Rosa", estrelado por Sean Connery em 1986. Depois disso, a carreira de Murray Abraham voltou aos papéis menores, em filmes como "O Último Grande Herói", de 1993, e "Jornada nas Estrelas: Insurreição", de 1998. Um desperdício para alguém que ganhou o prêmio máximo do cinema norte-americano.

Geraldine Page – O Oscar

Aos 62 anos, Geraldine Page recebeu o Oscar de melhor atriz em 1986 por seu papel em "O Regresso para Bountiful", batendo colegas como Jane Fonda e Kathleen Turner. Ela já havia sido indicada oito vezes ao prêmio.

Antes

Page já havia ganhado o Globo de Ouro e o BAFTA, além de ter trabalhado em filmes como "O Estranho que Nós Amamos", de 1971, com Clint Eastwood, e "Interiores", de 1978, dirigido por Woody Allen.

Depois

Após receber a estatueta, a atriz participou de apenas mais três filmes. Morreu em 1987, vítima de uma parada cardíaca.


Cuba Gooding Jr. – O Oscar

Foi o papel de um jogador de futebol americano temperamental em "Jerry Maguire - A Grande Virada" que rendeu a Cuba Gooding Jr. o Oscar de melhor ator coadjuvante em 1997, ocasião em que protagonizou um dos discursos mais memoráveis da premiação.

Antes

Apesar de iniciante, Gooding Jr. havia conseguido papeis em filmes interessantes antes de ser premiado, como "Os Donos da Rua", de 1991, e "Questão de Honra", de 1992.

Depois

Conseguiu papeis menores em raros bons filmes, como "Melhor É Impossível", de 1997, e talvez por isso tenha optado em protagonizar uma série de comédias de gosto duvidoso, como "Cruzeiro das Loucas", de 2003, e "Acampamento do Papai", de 2007.


Halle Berry – O Oscar

Ganhou o prêmio de melhor atriz em 2002 por "A Última Ceia", tornando-se a primeira mulher negra a ganhar a estatueta nessa categoria.

Antes

Com uma longa carreira em filmes pequenos, Halle seguia uma curva ascendente, participando de produções como "O Brilho de Uma Estrela", de 1999, e da série cinematográfica "X-Men", em que interpretava a heroína Tempestade.
Depois

Pouco tempo após o Oscar, conseguiu estar em um dos piores filmes da história, a fraca adaptação da personagem de quadrinhos "Mulher-Gato", que lhe rendeu o Framboesa de Ouro, paródia do Oscar para os maiores fracassos do ano. Depois de tamanho tropeço, sua carreira não voltou aos trilhos.


Adrien Brody – O Oscar

O quase desconhecido Adrien Brody recebeu em 2003 o Oscar de melhor ator por sua atuação no drama "O Pianista", dirigido por Roman Polanski.

Antes

Brody perseguia o sucesso fazendo papeis menores em filmes como "Além da Linha Vermelha", de 1998, "O Verão de Sam", de 1999, e "As Flores de Harrison", de 2000.
Depois

Com o Oscar nas mãos e o reconhecimento após um papel de enorme carga dramática, o ator conseguiu desperdiçar seu talento em filmes severamente criticados como "A Vila", de 2004, "King Kong", de 2005, e "Predadores", de 2010.


Renée Zellweger – O Oscar

Uma das novas queridinhas da América, Renée Zellweger ganhou o Oscar de melhor atriz coadjuvante em 2004 por seu papel no drama histórico "Cold Mountain".

Antes

O rosto de Zellweger ganhou notoriedade em Hollywwod após a atriz interpretar o interesse romântico de Tom Cruise em "Jerry Maguire". Mas a fama chegou anos depois, com o papel da jornalista atrapalhada de "O Diário de Bridget Jones" (2001). Sua performance no musical "Chicago" (2002) garantiu o reconhecimento da crítica e sua segunda indicação ao Oscar.

Depois

Zellweger se perdeu em tentativas de firmar-se como atriz dramática, participando de produções fracas como "A Luta Pela Esperança" (2005) e "Miss Potter" (2006). Ao mesmo tempo, tentou manter-se na seara das comédias, tropeçando na sequência "mais do mesmo" "Bridget Jones no Limite da Razão" (2004). O fundo do poço foi o terror "Caso 39" (2009), cuja bilheteria não consegui pagar seu orçamento.

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