terça-feira, 19 de outubro de 2010

A crise americana explicada por Michael Moore



Não sei se Michael Moore pode ser definido como um grande cineasta. Acredito mais na hipótese de ele ser um grande contador de histórias, com muita coragem, e uma câmera na mão. A diferença? Bom, sem discutir a qualidade das suas produções, sempre impecáveis, diga-se de passagem, ele vende a história que ele quer, do jeito que ele quer, e faz com que você termine de assistir seus filmes acreditando no seu discurso de protesto. Isso é errado? Não! Mas é somente uma das formas em que o cinema, e os documentários podem ser explorados.

Nada contra. Sou até um grande admirador de suas produções, e compartilho de várias de suas opiniões. E, por isso mesmo acho que em Capitalismo: Uma história de Amor, Michael adotou uma postura mais conservadora, diferente dos seus primeiros filmes, em que ele queria colocar o dedo na ferida, independente de QUEM fosse essa ferida.

Claro que ele continua um cara muito corajoso com uma câmera na mão. Resultado, muito provavelmente, do seu sucesso em filmes anteriores. Como pode ser visto na cena em que ele isola a bolsa de valores de NY e outras empresas com uma fita de polícia com a inscrição "cena de crime", e com um megafone pede para que todos saiam com as mãos para cima pois aquele local aconteceram crimes e todos devem ser presos. Qualquer outro documentarista talvez não se arriscasse tanto.

O documentário explora as raízes da crise financeira global, no período de transição entre a saída de George Bush e a posse de Barack Obama no governo dos EUA, as falcatruas políticas e econômicas que culminaram no que o diretor descreve como "o maior roubo da história dos EUA": a transferência de dinheiro dos contribuintes para instituições financeiras privadas.

Fantástico talvez, pois suas produções têm a sua "cara", e mais do que mostrar a realidade, ele mostra o seu ponto de vista, e a sua contribuição numa situação com a qual não concorda.

Um documentário não é pra qualquer audiência, assim como não o é Michael Moore. Sua visão política e de protesto pode ser um pouco assustadora, mesmo para os já acostumados com suas peripécias. Sua produção é impecável, com grande cuidado com fotografia e áudio (grande parte com sua própria narração e entrevistas diversas com especialistas ou envolvidos nas questões apontadas). Uma grande pedida para quem busca um pouco mais de informação além do entretenimento, mas fica a ressalva de ser assistido com a cabeça aberta, uma vez que a realidade de Michael Moore pode ser mais chocante do que aquilo que estamos acostumados a ver nos telejornais.

FICHA TÉCNICA
Diretor: Michael Moore
Elenco: -documentário-
Produção: Kathleen Glynn, Michael Moore
Roteiro: Michael Moore
Duração: 120 min.
Ano: 2009
País: EUA
Gênero: Documentário
Cor: Colorido
Distribuidora: Paramount Pictures Brasil
Estúdio: Dog Eat Dog Films / Overture Films / Paramount Vantage

Nenhum comentário: